EROS E PSIQUÊ

A sexualidade humana


PONTO G OU PONTO A ?

Dr. Thyrson Fraga Moreira, ginecologista, obstetra e terapeuta sexual
Eliana Martins de Freitas, psicóloga e terapeuta sexual


O que tem valor, em nossa atual sociedade e civilização, é o culto à grandiosidade. Todas as pessoas procuram o melhor ou o maior. O que temos por conceito de normalidade, que é o meio termo, vem perdendo valor para o extremo do máximo. Parece que estamos vivendo em uma época que deveríamos chamar de MEGA. Estamos com mania de grandeza.
 
O bom é o mais rápido carro, o maior avião, a mais larga estrada, o mais alto edifício. Nos ufanamos com a grandiosidade de nosso país em extensão territorial, nem prestando atenção ao fato de que estamos abaixo da média nos índices de saúde, na qualidade de vida ou na distribuição de renda da população. 
Vocês poderiam estar pensando: "Bem doutores, mas o que tem tudo isso a ver com a coluna de vocês, que trata de sexualidade?"

Pois é. Essa obsessão por tudo Mega também atingiu a sexualidade. Está ocorrendo um fenômeno mundial da busca do maior prazer nas relações sexuais. Afinal, é difícil compreender essa procura de superlativo, quando o próprio prazer sexual, em si, já é, a nosso ver, um adjetivo superlativo absoluto sintético. Procuram-se, tanto no corpo do homem quanto no da mulher, pontos com Mega receptividade aos estímulos e que são capazes de determinar um Mega orgasmo, com uma Mega duração e uma Mega rapidez de obtenção. Parece que essa necessidade está desprezando um detalhe sutil, mas de valor inestimável, em uma relação sexual: a meiguice. Não se ouve referência a uma Mega meiguice em um relacionamento.

Parece que ocorreu uma coincidência dessa necessidade cultural do grandioso com uma descoberta anatômica do ginecologista alemão, Ernest Grafenberg. Ele descreveu a existência de um ponto no interior da vagina, capaz de desencadear um grande prazer e uma intensa descarga orgásmica sexual.

O ponto em questão, embora não comprovado pelos anatomistas ou fisiologistas, fica na parede vaginal anterior, 3 a 5 cm da entrada da vagina, num local intermediário entre a uretra feminina e o colo do útero. Seu tamanho médio é de uma moeda, de valor não referido. Esse ponto tornar-se-ia mais saliente quando a mulher estivesse na fase de excitação e, quando estimulado, seria responsável por desencadear um Mega orgasmo. Para homenagear seu descobridor, Grafenberg , que, diga-se de passagem, devia ser um ginecologista bastante observador, deram a esse ponto o nome de ponto G. Combinava com as necessidades de grandiosidade de nossa sociedade. O gatilho para o grande orgasmo; o maior orgasmo, o mais intenso, o de maior duração e... todos os superlativos existentes em nossa capacidade descritiva.

Os homens, do alto do seu pedestal, sempre se sentiram responsáveis pelo orgasmo feminino. Pura pretensão de macho. De modo geral, é ela a responsável e, na maioria das vezes, a construtora de seu próprio orgasmo. Para os homens, a existência desse ponto facilitaria muito sua pretensão: desencadear um maravilhoso orgasmo por estímulo de um gatilho facilmente localizável. Foi uma corrida. Cada profissional da área procurou descrever um ponto capaz de ocasionar o desejado Mega Orgasmo.

Descreveu-se o ponto U, ponto também muito excitável, que ficaria na região periuretral: U de uretra. O clitóris, que sempre foi conhecido simplesmente por clitóris, também recebeu a condecoração de uma letra, o Ponto C.

A última novidade nessa área foi a descrição de um ponto que ficaria entre o colo do útero e a flexão anterior da vagina; esse ponto foi descrito por um brasileiro que, para homenagear a cidade onde ele fez a descoberta, foi batizado como Ponto P, de Paranavaí ...

Mas o Inesquecível Orgasmo, na realidade não é desencadeado exclusivamente por estímulos nos pontos referidos. Tanto o homem quanto a mulher têm milhares de pontos distribuídos por todo o corpo, seja na superfície, nas cavidades, nas saliências ou nas reentrâncias. Todos devem ser estimulados. Entretanto, o ponto capaz de desencadear o Grande Orgasmo, o Mega Orgasmo, com duração às vezes eterna, é o inigualável Ponto A, o Ponto do Amor. A sensibilidade erótica se manifesta em todo o corpo, ponto a ponto, a cada toque de Amor.




E a bissexualidade?
Nelson Vitiello

A heterossexualidade, sendo como é a maneira “oficial” de exercício da sexualidade, é nossa velha conhecida, mesmo que tenhamos muitas interrogações sobre seu exercício e seus desvios. A homossexualidade, embora apenas recentemente venha recebendo um tratamento mais coerente e humano, também já é razoavelmente conhecida de todos nós. São freqüentes, na atualidade, as publicações leigas e científicas que enfocam a homossexualidade. Mas.. e a bissexualidade?

O terreno da bissexualidade é ainda bastante desconhecido. Não temos idéia segura, na verdade, de quantos dos seres humanos podem se erotizar tanto pelo mesmo sexo que o seu, quanto pelo oposto. Não conhecemos o mecanismo íntimo que leva essas pessoas a terem essa condição, nem são bem conhecidas as características de seu exercício. Enfim, sabemos ainda menos da bissexualidade do que sobre a hétero ou a homossexualidade.
Observa-se no entanto uma coisa bastante curiosa. A mulher bissexual é – ao menos essa é nossa impressão – bastante mais aceita do que o homem bissexual, sendo até mesmo excitante, para muitos homens, a imagem ou a fantasia de sua parceira se erotizando com outra mulher.
O homem bissexual, no entanto, não é tão bem tolerado sequer por suas parceiras, sendo de muitos conhecido o fato de que, ao saberem da condição bissexual de seus parceiros, as mulheres os repudiam, não aceitando continuar o relacionamento. Assim, possivelmente, muitos dos homens que exercem a homossexualidade são bissexuais, aos quais é negado o relacionamento com mulheres.
Por outro lado, sendo historicamente tão condenada e estigmatizada a homossexualidade masculina, é possível também que muitos dos homens caracterizados como “heterossexuais”, sejam na verdade bissexuais que reprimem uma das possibilidades de manifestação de seu erotismo.
Na verdade, ainda muito pouco sabemos sobre a bissexualidade. Parece-nos um lapso importante em nossos conhecimentos, que deve ser de futuro corrigido.


Infidelidade

Marilandes Ribeiro Braga


Em quase todos os relacionamentos existe a idéia de posse sobre a pessoa amada. É possível que surja daí a fantasia da fidelidade, que é uma " espécie de acordo" mútuo, com objetivo de sentirem-se amados com exclusividade.
Este sentimento de posse desencadeia uma série de comportamentos que acabam afastando o casal.
Com a convivência surgem as cobranças das partes, deixando de lado as doces palavras de amor e de paixão. Fica como pauta: empregada, gás que acabou, colégio das crianças...
Em tempos remotos, quando geralmente, ninguém se casava por amor, o papel da mulher era a procriação. Quanto ao homem, se quisesse poderia satisfazer suas fantasias sexuais com outras mulheres.
Mas com o passar do tempo surge a idéia da monogamia, como forma de controle aos impulsos sexuais. Com um piscar de olhos é incorporada à religião, que imediatamente se posicionou contra a infidelidade.
A partir do século Xl (tomando como base estudos da História Crítica da Sexualidade) mulher que era infiel a seu marido, com consentimento da Igreja, era apedrejadas em praça pública. Nos dias que correm, países islâmicos ainda se utilizam de práticas semelhantes.
Desgaste de relacionamento chega de mansinho. Há mais de um século Freud já falava na existência de dificuldade do ser humano, de associar a sexualidade ao amor, ao resto da vida. Ainda não temos certeza se esta dificuldade é mais da parte masculina ou feminina. Inúmeros são os fatores causadores da infidelidade, como: desgaste do relacionamento, solidão, problemas financeiros, dificuldade de se ter, com a parceira (o) o mesmo prazer que se encontra em uma relação extraconjugal. Este é o momento da famosa divisão: para o relacionamento sério (do lar) fica o amor e para outros relacionamentos...as fantasias, e o sexo sem limites.
A visão do homem e da mulher em relação a infidelidade se diferem. O homem imagina que traiu quando leva outra para cama. A mulher, como é mais próxima das suas emoções, já sente que traiu quando se envolve afetivamente, mesmo sem nenhuma aproximação física. Enquanto o homem (geralmente) busca sexo nos relacionamento extraconjugal, a mulher parte em busca de romance, fantasias e sensualidade.
Voltando a idéia de posse...e se lembrarmos um pedacinho da letra da música de Raul Seixas que diz: "porque quando eu jurei meu amor eu traí a mim mesmo" Será que alguma coisa se modificaria na infidelidade?

Psicóloga Mestra, Diretora da Faculdade de Psicologia da Unoeste, Presidente Prudente-SP, Delegada Regional da SBRASH.

Um comentário:

Anônimo disse...

Nossa chegou na excencia ..... no mais profundo sentimento esmagado , enfraquecido porem não esquecido e ja na tentativa de se tornar novamente vivido ...
Delicia